Page 57 - La Nuit des Feuillentines

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57
Português
A Noviça, convencida de tudo o que lhe diziam, não opôs mais que sua dor e suas lágrimas.
Depois que sua Superiora se retirou, buscou consolo na oração que dirigiu a Deus.
Durante a noite, levantou-se da cama para encontrar seu descanso no seio de Deus.
Prostrou-se no chão, humilhou-se em Sua presença e, no auge de sua afição, falou-lhe
mais ou menos nestes termos:
“Deus de misericórdia infnita, consolador das almas afitas, permiti que vossa serva derrame
diante de vossos olhos toda a amargura de seu coração.
É preciso que eu saia de vossa Casa, à qual Vós mesmo me haveis conduzido? Obtive tantas
vitórias, com a ajuda de vossa graça, sobre minha família, sobre o mundo, sobre mim mesma,
somente para sucumbir agora sob o peso desta desgraça?E agora? Caminhei em meio a tantas
difculdades até esta terra prometida, para vê-la somente, sem entrar totalmente nela?
Enganei-me, meu Deus, quando acreditei estar seguindo vossas ordens, ou tendes outros
desígnios sobre mim? Escutei os oráculos que Vós mesmo me dirigistes, segui vossos conselhos,
dei-me tempo para que surgisse a luz no meu interior.
Falai-me, pois, Senhor, Vós que podeis, em um momento, determinar meus pensamentos e meus
passos no caminho que Vós quereis. Se foi a vossa mão que me conduziu a este lugar e dele me
tira, fco consolada,
mas, se eu mesma me tornei indigna de nele morar, devido a minhas infdelidades, estou
totalmente disposta a reparar tudo com minha penitência.
Vós vos afastastes de mim, fonte de minha vida e de minha felicidade, Vós que até o momento
presente me tendes ajudado em todas as minhas necessidade.? Se sair desta santa Casa, onde
irei buscar-vos? Dizei-me onde estais, e para lá voarei sem cessar. Não pude encontrar-vos em
minha juventude, em meio aos transtornos da heresia... Não pude, depois, possuir-vos bem nas
vaidades do mundo... Que surpresa, que afição para mim, não poder encontrar-vos tampouco
na solidão!
Permanecei ao menos em meu coração, único e amável objeto de minha esperança! Permanecei
em meu coração e permiti-me ouvir ali vossa voz. Se sair desta Casa, que seja sem abandonar-vos
nunca! Vós não rejeitais jamais aqueles que vos buscam de verdade... Não podeis menosprezar
um coração afito e humilhado... As entranhas de vossa misericórdia estão sempre dispostas
a abrir-se às nossas súplicas e à nossa confança. Falai-me, pois, Senhor, que vossa serva
escuta!”
Uma oração assim, inspirada por Aquele mesmo que a queria consolar, tinha que ser
ouvida. Ela recordou, no mesmo instante, a prontidão com que o Espírito consolador havia
respondido, outras vezes, a seus desejos, advertindo-a para que não deixasse apagar o
fogo que Ele acendia sensivelmente em seu coração. Esperou que este mesmo Espírito,
que reavivava nela de novo tão grandes chamas, desse resposta a tão justos desejos. De
fato, mal havia terminado sua súplica, foi imediatamente inundada de consolações e em
seguida sentiu uma forte inspiração, que lhe deu a conhecer que Deus, muito longe de tê-